sábado, 10 de novembro de 2012

Projeto Clicks&Teclas




E se as árvores falassem?

E se as árvores falassem, o que nos diriam? O que nos diriam a respeito de tudo, da vida, do céu, de Deus, dos nossos filhos e dos nossos pais? Enfim, o que diriam? Em meio a transformações quase que diárias, elas seguem ali imóveis, obviamente, mas, quem sabe, atentas a tudo o que se passa. Atentas a um novo amor que surge ou a outro que se perde. Atentas a uma notícia boa ou a outra não tão boa assim ou, somente, a
nalisando as pessoas que pela rua passam, despercebidas da beleza do dia, da vida. O que diriam à estas pessoas? Talvez falassem: "não corram tanto, há vida que se perde assim" ou "pára e ama!" Não sei, mas sempre quis saber se as árvores falassem, o que me diriam. Quantas milhares delas não emprestaram seus corpos para que casais apaixonados e jurando amor eterno rabiscassem algo como: "para sempre"? Quantas não serviram como encosto para um descanso em uma bela tarde de verão? Quantas simplesmente não existiram e assistiram o mundo girar caladas. Se elas pudessem falar, o que nos aconselhariam?


Texto: Matheus Bandeira
Foto: Glênio Freitas Jr.



Projeto Clicks&Teclas




Microfonia e afinação.
Se a vida é um show, quem é o verdadeiro artista que sobe ao palco para cantar? Alguns dirão que somos nós mesmos. Outros, que é Deus. Outros que é o destino. Os mais ousados dirão que é a união de moléculas e a explosão do Big Ben. Acredito, e aí é uma opinião pessoal, que o verdadeiro artista é a união do que somos e o que deixamos de ser. Talvez, o cantor é o resultado, a consequência do que nos tornamos. É a soma do passado com o presente, formando um resultado inesperado. Palavras clichês cheias de filosofia. Um psicanalista, lendo este texto, poderia dizer que tenho problemas ou que ando lendo muitos livros de psicologia ou, quem sabe, fazendo o uso de alguma substancia ilícita. Mas incito as pessoas a se perguntarem: “quem é o artista da sua vida?” Será o amor a estrela do show? Ou, quem sabe, a falta dele? Ou, melhor, a esperança de um dia sermos só amor? Mas, voltando à minha ideia, sigo o viés de que o artista é a consequência inesperada de nós mesmos, aquela que nos faz parar, pensar e dizer: “quando que eu estaria fazendo-dizendo isso”. Talvez, em outras palavras, o artista principal da nossa vida seja a sutil surpresa, o inesperado, o inabitável e assustador ponto de exclamação que não conhecemos. Entretanto, para chegarmos a este ponto, passamos por tantas vírgulas, tantos pontos-finais, tantos de interrogação, tantos pontos-vírgula e até os dois pontos. Por isso, o resultado é o nosso artista. O artista que ninguém conhece. A transformação. Está ai o nosso artista: transformação. A mutação rotatória de nós, seres pensantes. A ideologia mutável, questionável de nós mesmos sobre nós. Sobre quem fui, quem sou e o que serei, quem serei, como serei, quando serei. Todos têm um artista preferido, mas poucos interpretam bem suas canções.

Texto: Matheus Bandeira
Imagem: Glênio Freitas Jr.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Projeto Clicks&Teclas




Beber não é embebedar-se.

Nunca vi ninguém socializar com copos de leite, então não me venham falar que bebidas alcoólicas só servem para ficarmos alucinados, bêbedos, sem sentidos e sem sentido. Óbvio que o verbo “beber” deve ser com moderação, com um toque de bom senso. Mas, mesmo assim, não falem, não recitem falsos moralismos. Isso não me convence! É bebendo que nos tornamos mais sinceros, mais engraçados, mais filósofos, mais sensíveis, conseguimos idealizar pessoas perfeitas para um futuro bom, ideias inteligentes sobre um projeto que ficará no papel, talvez anotado em um guardanapo, em um boteco qualquer, mas, mesmo assim, ideias interessantes. Nossas risadas sinceras, cheias de vontades reprimidas pelos dias de tensão, vagam por mesas, por sorrisos de satisfação, de alegria.
É no bar que fazemos amizades, também. Algumas, diria, para toda a vida. Porém, é no mesmo bar e dando e recebendo o mesmo abraço naquela cerveja ou naquela bebida, que choramos nossas lágrimas mais profundas, mesmo que não caia uma gota sequer de sofrimento. É ali que o nosso peito aperta e a cada gole surge um pensamento novo, uma conclusão precipitada, ou não, sobre alguma situação, sobre um amigo, sobre um amor, sobre uma traição, sobre uma infinidade de coisas que nos causam dor. A bebida, esporadicamente e moderadamente apreciada, ainda é uma saída muito cogitada, muito usada.
É no bar, dividindo uma “loura”, que nos convidamos a viver, a pararmos de sofrer, a amarmos, a sermos nós, independentes e independentemente do que aconteceu ou está acontecendo. É no bar, na mesa de bar, que traçamos linhas imaginárias na mente delirante, ébria, e, quem sabe, seguiremos tais linhas. De repente, em um dia qualquer, outro dia, mexendo em um casaco, tocando nos bolsos dele, poderemos encontrar o tal guardanapo rabiscado com um projeto ambicioso sobre alguma coisa ou, ainda, uma simples promessa de “nunca mais” e meio que vergonhosos, meio que sem graça, leremos, abriremos um sorriso e pensaremos: “é isso que vou fazer”.
É, muitas vezes, um artifício para uma coragem que nos brota, que nos surge de algum lugar inimaginável. Quem nunca teve uma conversa séria depois de uns goles de uma bebida alcoólica e disse o que realmente pensava? Obviamente que não nos limitamos a dizer, pois seria um monólogo, ouvimos também.
Mas o fato é que nos esquivamos da cruel realidade da vida estressante bebendo uns goles de cerveja – e uso a bebida mais utilizada como exemplo. É a cerveja que usamos para servir nossos convidados em alguma festa, em algum final de campeonato ou qualquer outro momento que nos permita beber. E beber não é pecado, não é algo errado, não é ilegal, não é mentiroso, nem nos tornamos menos dignos por causa disso. Não estou falando de quem bebe por vício. Aí é outro assunto, outra conversa, outro viés que não é o objetivo central desta reunião regada a goles de umas “geladas”.
Escrevo para aqueles que bebem por simples prazer de apreciar uma boa bebida, para aqueles que fogem do mundo e caem em gargalhadas alegres depois de escondidos, para aqueles que tentam esquecer seus amores noturnos, vadios, lastimosos e tristes, para aqueles que fazem amores ou amor, para aqueles que vivem sem a preocupação hipócrita, covarde e medíocre de que ser feliz não faz bem.
Não é apologia, é uma realidade. É simples. É fato. Quem nunca fez amigos num bar, bebendo cerveja? Quem nunca riu mais por causa de uns goles de cerveja? Quem nunca tanta coisa??  Quem nunca ficou com mais tesão depois de uns copos? Quem nunca pensou melhor ou mais profundamente sobre determinado assunto depois de uma rodada de cerveja? A loura é a paixão nacional e não chegou a este posto a toa.
Beber não é embebedar-se. Não confundam. Beber é tentar ser feliz de uma maneira mais imediata, mais barata, mais humilde. É fugir tentando encontrar-se. É encontrar-se sem pensar em perder-se. É ser simplesmente ser um apreciador de uma boa cerveja.

Texto: Matheus Bandeira
Foto: Glênio Freitas Jr.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Projeto Click&Teclas




A luz da esperança.
E quando a realidade se mostra o que fazemos? O que fazemos quando tudo não passou de uma ilusão? Resta-nos a esperança. Talvez a tal luz no fim do túnel seja aquela vela guardada em um lugar estratégico na casa, onde e quando a luz elétrica se apaga inesperadamente, recorremos a ela, do mesmo modo quando enxergamos a realidade das coisas e salta-nos a esperança de que dias melhores virão. Dias melhores com luz elétrica para desfrutarmos de seus prazeres e luxos. Dias melhores com luz do sol, sem a escuridão bucólica da noite. Luz dos olhos brilhantes de alguém, que em determinado momento poderá, repentinamente, apagar a vela, com um sopro sutil, e deitar-se ao nosso lado na cama. Dias de sorrisos infantis, colorindo, abrindo espaço, chegando displicentemente, como o dia mais florido de primavera e o mais quente de verão. Quando nos é apresentada a tal realidade, que nos sussurra palavras cruéis, ao pé do ouvido, que tem gosto de fel, resta-nos, felizmente - e aí é uma questão de fé e de esperança - pegarmos uma vela e acendermos, esperando os dias melhores que com certeza virão.


Texto: Matheus Bandeira

Foto: Glênio Freitas Jr.

domingo, 21 de outubro de 2012

Projeto Clicks &Teclas



Uma mentira silenciosa.

O silêncio é uma coisa sem som que não existe. O silêncio é uma mentira. Não existe. Nem mesmo em plena solidão de um terrível agosto o silêncio será encontrado. Só ou acompanhado, qualquer som será emitido por qualquer coisa que seja. Poderá ser algo que passa na rua, um cachorro latindo ao longe, o vento soprando, alguma risada abafada pela distância ou até mesmo o som da solidão, que se traduz pela insistente mania que temos de respirar. Mesmo na solidão, estando em silêncio, nunca estamos em um total estado silencioso. Mexer-se faz barulho. Coçar-se faz barulho. Obviamente que nada se compara o som calmo de uma tarde na praia, escutando, apenas, as ondas e algumas gaivotas, ao frenético barulho de buzinas histéricas, motores gaguejando e pessoas gritando em uma rua dessas do centro da cidade. Mas, daí, parto do princípio que o silêncio é confundido com o descanso dos ouvidos exaustos. Nossos ouvidos não servem como lixeira para tanto material sonoro não reciclável  que tem por aí. Também não servem para não serem usados. Talvez, poderão ou podem ser utilizados com as bebidas alcoólicas: com moderação. Mas a verdade é que mesmo sós, mesmo no aconchego do quarto e sozinhos, mesmo distante da bagunça auditiva, o silêncio não existe. Suponhamos, então, que ele exista, ou seja, significa dizer que nossos pensamentos, preocupações, ansiedades, enfim, tudo isso é silencioso dentro de nós? O silêncio foi inventado, logo, uma falsa ideia sobre estar em paz.


Texto: Matheus Bandeira

segunda-feira, 15 de outubro de 2012




E eu: me conheço?

E eu? Tenho a tendência natural de analisar os outros pelos seus traços mais expostos de expressões ou de personalidade, mas e eu? Não costumo me analisar. Talvez eu fuja de um possível encontro de mim comigo mesmo e, quem sabe, me conhecer não seja tão bom assim quanto parece ser. O conhecimento pessoal transcende qualquer coisa, busca os pontos mais obscuros e traduz em saber o que está escondido à sete chaves o que, inconscientemente, escondemos. Conhecer-se é dar a luz aos nossos olhos daltônicos, é atravessar um bosque cheio de dúvidas cruéis a respeito de si e do mundo. E, acreditem, isto é muito mais profundo. Requer uma meditação trabalhosa, vagarosa e pode ser que o resultado não seja satisfatório. Saber se enxergar é muito mais do que se ver. É a possibilidade de ter o conhecimento dos seus pensamentos mais insanos, sórdidos e loucos e das suas ações mais inesperadas, que, no momento do autoconhecimento, não se tornam mais tão inesperadas assim. Saber, conhecer os outros é fácil. Partimos do momento em que aquela pessoa apresenta o resultado da ação, então, de certa forma, fica fácil raciocinarmos, julgarmos quando temos uma fórmula pronta. É como um cálculo de matemática com o resultado. Entretanto, conhecer-se transcende qualquer fórmula, qualquer processo imaturo. Saber quem você é ou quem deixou de ser é a complexidade resumida. É um resultado inesperado de ações tuas. Poderás te sentir um idiota depois de saber quem você é. Porém, poderás te sentir extremamente feliz e, quem sabe, um rei ou uma rainha. Poucos são os que se deixam conhecer-se. Talvez para não haver qualquer decepção. Os que conseguem merecem aplausos. Mas, e eu?

Texto: Matheus Bandeira


Projeto Clicks&Teclas

 Duas vezes por semana, segundas e quintas - feiras, estaremos apresentando a dobradinha IMAGEM X TEXTO, como avisado anteriormente. Reiteramos o convite para visitarem nossos trabalhos em nossas páginas, nossos blogs e etc. Confira!!! 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012




Mulher sem ser frágil.

A arte da conquista: as mulheres dominam. As mulheres sabem como tratar um homem, sabem ser elegantes, sabem dizer o que querem, sem nem mover os lábios. As mulheres são inteligentes, tendenciosas às belezas românticas, dignas de admiração. Salvo alguns casos, mas, em geral, as mulheres sabem conquistar, a maneira como conquistar. A mulher, comparando, talvez, esdruxulamente, é o dia de calor, enquanto o homem é, somente, o mar. Sem o calor do dia, o mar não é nada senão o mar, com algumas razões para existir, mas sem emoções profundas. A mulher olha com mais atenção, cuida com mais zelo, ama mais intensamente, faz amor com amor. Alguns podem chamar-me de feminista, mas não é esta a intenção. Até mesmo porque não existe o homem sem a mulher e nem a mulher sem o homem, tendo como parâmetros as relações heterossexuais. Não existe um sem o outro, pelo simples fato de não conseguirmos sobreviver sem a pura graça delicada e irracional do amor. E nisto, meus amigos, as mulheres são profissionais. As mulheres são sensatas nas horas inesperadas, sentimentais quase sempre e isto não é defeito, pelo contrário, a honestidade é admirável. As mulheres sabem traduzir seus desejos em suspiros, gritos, sussurros e gemidos. Sabem traduzir suas raivas em gritos, lágrimas, palavras e amores avessos. Sabem traduzir a paixão em olhares perdidos, em sorrisos alegres, em elegância aflorada, em simples cantorias pelo dia, mesmo que seja de chuva. Também traduzem como ninguém as dores, sejam elas de perda, de desilusões, de amores não correspondidos, de coisas que as machuquem. As mulheres são verdadeiras. Sempre serão. E, sem dúvida nenhuma, não são o sexo frágil. Basta termos ciência de que na conquista, a mulher é professora. Serve tal argumentação? Sim. Enquanto os homens pensam em conquistar, as mulheres agem delicadamente. Elas possuem a sensualidade no olhar, na voz, em como se portar. Sabem fazer o que tiver de ser feito na hora exata. Sabem ser sexy sem ser vulgares. Sabem ser contidas, sem ser bucólicas. Sabem ser mulheres sem ser frágeis demais. As mulheres fazem o que querem com os homens e isto é fato. A arte da conquista: as mulheres dominam.

Texto: Matheus Bandeira